Aviso: O conteúdo aqui apresentado tem uma finalidade exclusivamente informativa sobre um tipo específico de jogo e como jogá-lo. O objetivo deste conteúdo não é nem promover nem disponibilizar um tipo de jogo, mas simplesmente informar o jogador acerca de como jogá-lo.


O famoso consultor de moda Americano, Tim Gunn, tem uma teoria sobre porque é que as pessoas civilizadas de hoje já não são assim tão civilizadas. A sua teoria pode ser classificada sob o título de “a desleixificação” do nosso mundo. Ou algo semelhante.

Hoje em dia, as pessoas simplesmente já não têm o mesmo sentido de moda que tinham antigamente. Mesmo os pobres tinham a sua "roupa de domingo para ir à missa". Aliás, no Domingo de Páscoa, milhares de pessoas bem vestidas desfilavam alegremente pela Quinta Avenida, em Nova Iorque – e muitas destas pessoas que participavam no desfile não eram ricas. Eram, como poderei dizer… Todos nós!

Lembra-se das cenas de filmes onde apareciam pessoas bem vestidas para participar ou envolver-se em atividades de adultos?

Nos casinos, os jogadores usavam fatos e gravatas, e as mulheres ricas usavam vestidos elegantes e sofisticados; os homens vestiam smokings. Sim, agora cante o verso da famosa música de Mary Hopkin: “those were the days my friends, we thought they’d never end” [“como eram bons aqueles tempos, meus amigos, achávamos que nunca acabariam”].

Veja clips de jogos de basebol ou combates de boxe ou de outros desportos, teatro e cinema, e verá que a maioria dos fãs ou espectadores usava fato e gravata (sem exceção) e, se fossem mulheres, usavam vestidos.

Resumindo, tinha de se vestir bem para sair. Isso era considerado adequado para sair à noite. “Você não queria”, como dizia a minha mãe, “parecer um desleixado”.

Algum tempo depois da Segunda Guerra Mundial, talvez no final da década de 1950, começámos a ver uma ligeira mudança na etiqueta de vestuário. Aqui e ali, havia homens que não usavam fato e gravata e algumas mulheres que usavam (céus, ajuda-nos!) calças. Começava então a mudança.

Resumindo, um novo mundo estava a surgir diante dos nossos olhos. A maioria de nós (quando jovem) não reparava ou não dava importância. As nossas mães tratavam disso.

No final da década de 60, o caos instalou-se. Rapazes adolescentes e jovens de 20 anos usavam cabelos longos e despenteados, brincos, piercings no nariz... e as raparigas? Deus nos livre de ver o que elas vestiam – ou não vestiam. Não usavam, certamente, "roupa de domingo para ir à missa!"

Os adultos ainda mantiveram as tendências mais antigas ... por algum tempo. Mas, nos anos 80, já ninguém usava fatos e gravatas para ir aos jogos da bola ou ao casino, e, Deus nos ajude, os professores muitas vezes já nem usavam fato e gravata nas salas de aula!

As mulheres usavam calças em todo o lado; as crianças começaram a tornar-se (como posso dizer isto?) um pouco descontroladas – faziam birras aparentemente sem motivo. O mundo da parentalidade estava a transformar-se num mundo de “sou amigo dos meus filhos” e “não é fofinho ele fazer essa birra?”. O quê? O quê? A minha mãe e o meu pai teriam-me repreendido se me comportasse assim.

Nos anos 90? Era evidente que o mundo que eu mais amava – o mundo dos casinos – tinha sofrido uma mudança radical.

Vestir-se bem? Que disparate. Era raro ver alguém de smoking – a não ser que se estivesse a casar. Talvez nem mesmo assim. Ela? Era difícil não tentar espreitar por debaixo do vestido de noiva... eram tão curtos. (Sendo um homem bem-educado, comportei-me ... bem, na maior parte das vezes.)

Tim Gunn deu o nome certo à nossa era: é a era da desleixificação. Tudo o que era bonito, que era elegante, foi “desleixificado” por, bom, desleixados. Todos e cada um de nós que se veste de forma descontraída é um desleixado – ponto final.

Veja o homem de camisa manchada de manga curta que se aproxima da mesa de roleta. "Qual é o seu nome, senhor?" "Bond, James Bond..."

O quê? Esse tipo não é o James Bond! Está a brincar? Ele é apenas um desleixado!

Ah, mas ele é o James Bond; ele é o James Bond dos dias de hoje. Está agora a entrar nos casinos. O que é especial neste James Bond? Infelizmente, nada. Ele não deve ser considerado um modelo para os homens – disso não há dúvidas. A licença para matar já expirou. Nenhum serviço secreto quereria este tipo a trabalhar para eles – ou será que queria? Sinceramente, quereria?

[Homens: Isto é especialmente para vocês. Praticaram ser Bond, “James” Bond? Sim, eu pratiquei. Algures na minha pré-adolescência, entrava no meu quarto, olhava-me ao espelho e dizia, Scoblete, “Frank” Scoblete.

Imaginava que, quando fosse mais velho, estivesse a usar um smoking e a jogar roleta, as raparigas derreter-se-iam à minha frente, se conseguisse acertar naquele sotaque – estou a falar do verdadeiro James Bond, reparem, o único e incomparável Sean Connery.

Tinha 11 ou 12 anos naquela altura. E as raparigas? Hum, nunca aconteceu. Elas não se aproximavam de mim quando era adolescente. Ah, as ilusões da juventude. James Bond; vestido com elegância – expressão que, a propósito, tinha origem no jogo, nos bons velhos tempos; mas eu não era esse homem. O tempo dele estava a passar rapidamente. Triste, triste.

Não percebi isso na altura porque, bem, era uma criança. Ah, os sonhos da juventude, destinados a ser destruídos pelo envelhecimento.]

mesa de roleta

O Ritmo da Roleta nos Dias de Hoje

A roleta de James Bond não é a roleta de hoje em dia. Nem de perto. O jogo é muito mais vulgar. Também é mais rápido. E cada vez mais jogadores encaixam na definição de desleixados. Na verdade, em muitos dos casinos de hoje, você terá sorte se vir alguém que mereça ser considerado bem-vestido pelos padrões do passado. E este é o caso tanto em casinos em Las Vegas como em casinos em Portugal

Muitos jogadores têm pouca ou nenhuma noção de boas maneiras. Apressem-se a colocar as fichas na mesa, que muitas vezes caem e espalham-se por serem derrubadas por outros jogadores apressados. Discussões surgem, não por as fichas serem diferentes, mas apenas porque… bem, apenas porque sim.

Sabe uma coisa? Toda a gente parece um pouco, ou muito, irritadiça. Será o stress da vida moderna? Ou apenas o facto de todos parecerem mesmo muito agitados? O que os deixa tão agitados?

Aquele tipo ali, a espalhar as fichas dos outros para conseguir fazer as suas apostas mais rápido do que o Flash conseguiria? Ele é louco? Ele tem tempo suficiente. O que se passa com ele? E ele devia, afinal, mudar aquela camisa imunda de mangas curtas.

Algumas Mesas

Agora, nem todas as mesas de roleta estão cheias de jogadores apressados, empurrando-se, agressivos e frequentemente suados (e malcheirosos). Algumas mesas são relativamente calmas – mais parecidas com as mesas dos velhos filmes. Mas estas são uma distinta minoria.

Houve um filme chamado Speed sobre um autocarro que foi programado para acelerar cada vez mais até, quem sabe? Parece-me que mais e mais jogadores de roleta têm estado "acelerados" até sabe-se lá o quê.

Jogar rápido não significa necessariamente que vai ganhar. Na verdade, quanto mais decisões um jogador de roleta enfrentar, pior será para ele ou ela à medida que o tempo nas mesas passa.

Os casinos não pagam as probabilidades verdadeiras das apostas. E essa é a resposta à pergunta: “como é que o casino obtém a sua vantagem?”

A Verdade Dói

Agora existem três tipos de roleta no mundo. A roleta de um zero (0); a roleta de dois zeros (0, 00); e a aberração chamada roleta de três zeros (0, 00, 000).

As regras da roleta mantêm-se inalteradas (na sua maioria) entre estes diferentes tipos de jogo. Mas a vantagem do casino nestes jogos varia de 2,7% na roleta de um zero; a 5,26% na roleta de dois zeros; e (argh!) 7,69% na roleta de três zeros.

Uma aposta vencedora na roleta de um zero (roleta europeia) paga 35 para 1. Há 37 casas onde a bola pode cair. As probabilidades reais na roleta são de 36 para 1 para que um determinado número apareça. Um pagamento justo seria, portanto, de 36 para 1. Mas o casino não pode ganhar dinheiro pagando as probabilidades verdadeiras da aposta. Assim, reduz o pagamento para 35 para 1. Isso cria a margem de 2,7% na roleta de um zero.

Agora, prepare-se: o pagamento na roleta de dois zeros (roleta americana) também é de 35 para 1! O quê? Sim!

A margem da casa sobe agora para 5,26%. Você tem 38 casas onde a bola pode cair, e as probabilidades deveriam ser de 37 para 1 para que isso acontecesse. Mas os casinos não podem ganhar dinheiro se pagarem as probabilidades reais da aposta. Então, pagam os mesmos 35 para 1.

Fica muito pior com a roleta de três zeros. Há 39 casas. Isso significa que 38 vezes a bola não cairá na casa selecionada e uma vez cairá. E, se cair, o que acontece? Nada de especial, exceto que o casino continua a pagar 35 para 1.

A margem da casa dispara para 7,69%. Ai, que dor!

Vamos colocar esses números em termos de expectativas de perda, pode ser? A expectativa na roleta de um zero é perder €2,70 por cada €100 apostados; na roleta de dois zeros é perder €5,26 por cada €100 apostados; e na roleta de três zeros (ai, dói!) é perder €7,69 por cada €100 apostados.

A nova roleta de três zeros tornou-se muito (muito, muito, muito) mais difícil de vencer. E quanto mais apostas você fizer? Mais vai perder quando o(s) seu(s) número(s) não sair(em). Essa é a dura realidade, meus amigos. Gostava que fosse diferente. A sério.

Agora, os jogos de roleta que James Bond jogava eram todos de um zero. Ele tinha uma boa probabilidade de vencer a casa ou, pelo menos, de perder uma quantia razoável de dinheiro pela diversão.

Talvez seja por isso que os jogadores de roleta de hoje parecem apressados? Nervosos? Irritados? Eles pensam, como eu disse, que quanto mais rápido jogarem e mais apostarem, mais dinheiro vão ganhar.

Não.

Ocasionalmente isso pode ser verdade, mas, a sério, isso é raro. Quanto mais rápido jogarem, independentemente da estratégia roleta que usem, espera-se que percam cada vez mais – e mais ainda – e na roleta de três zeros vão perder ainda mais do que isso. E esse é o triste facto.

E quanto mais apostas fizerem, pior será.

números roleta

Como Deve Jogar Roleta?

Vou partilhar consigo como eu jogo roleta e quais os jogos que procuro para passar o meu tempo a jogar. Procuro duas coisas e, se puder, quero ambas. Prepare-se, cá vai:

  • Em primeiro lugar, procuro jogar o jogo de um zero.
  • Manipulo as minhas apostas ajustando a percentagem das mesmas de acordo com o custo do jogo de um zero.
  • Se o jogo de um zero tiver uma aposta mínima de €50, reduzo para €25 por aposta, ao apostar apenas uma vez a cada duas rodadas da roda da roleta. Este exemplo mantém as minhas perdas esperadas ao mesmo nível.
  • Se jogar o jogo de dois zeros, manipulo as minhas apostas da mesma forma que acima, se os mínimos forem inferiores ao que posso pagar.
  • Lembre-se disto: você não precisa apostar em cada rodada da roda. Pode calcular o quanto pode perder e apostar uma percentagem que o mantenha dentro desse limite.
  • Eu apenas coloco dinheiro em apostas de dinheiro igual, como vermelho/preto, ímpar/par ou alto/baixo. Prefiro apostar no vermelho ou no preto.

E agora, uma recompensa para si (talvez): no jogo de um zero, alguns casinos oferecem uma regalia em que você só paga metade de uma aposta perdida se o zero verde bater. Chama-se en prison! É válido apenas para as apostas de dinheiro igual. O casino não recolhe a aposta perdida. Simplesmente mantém a sua aposta na mesa para a próxima rodada da roda.

A margem da casa cai então para 1,35%! Isso sim, é uma boa recompensa!

No jogo de dois zeros, metade das apostas de dinheiro igual será retirada se bater um dos dois zeros. Sim, a margem da casa cai para 2,63% se fizer estas apostas. Nada mau!

Tudo de bom, dentro e fora dos casinos!

Frank Scoblete cresceu em Bay Ridge, em Brooklyn. Ele passou os anos 60 a estudar; os anos 70 em edição, escrita e publicação; os anos 80 no teatro e os anos 90 e 2000 nos jogos de casino.
Pelo caminho, ainda ensinou inglês durante 33 anos. Ele é autor de 35 livros; A sua editora mais recente é a Triumph Books, uma divisão da Random House. Ele mora em Long Island. Frank escreveu o Ultimate Roulette Strategy Guide e trata-se dum conhecido especialista em casinos.