Porque Todos os Jogadores Perdem (Das Slots ao Poker)

Aviso: O conteúdo aqui apresentado tem uma finalidade exclusivamente informativa sobre um tipo específico de jogo e como jogá-lo. O objetivo deste conteúdo não é nem promover nem disponibilizar um tipo de jogo, mas simplesmente informar o jogador acerca de como jogá-lo.


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A perda é algo que pode ser difícil de definir. Na vida, uma perda pode ser um ganho. Por exemplo, se perdermos o emprego apenas para encontrar um melhor logo de seguida. Variância estatística, comummente definida por sorte, é uma estrada longa e difícil de percorrer, cheia de altos e baixos. Para além disso, é impossível prever onde estarão as montanhas e as valas nesse caminho. A única lei em variância estatística é que, no final, tudo acabará como é suposto. Simplesmente não há forma de saber onde está o final ou se há, sequer, alguma vez um final, se continuarmos a jogar.
 

Índice

  1. Variância Estatística
  2. Perder Aquilo que Pode Pagar
  3. A Influência do Casino
  4. A Armadilha Online
  5. Perder Mais do que Aquilo que Queremos
  6. Terceiro Nível de Perda
  7. Jogos de Habilidade
  8. Como Perder num Jogo de Habilidade
     

Variância Estatística

Os elementos imprevisíveis da variância estatística formam a própria base do jogo de sorte e azar, e são a razão pela qual os casinos de topo fazem, constantemente, dinheiro e os jogadores voltam, consistentemente, para mais. Um jogador que está a jogar um jogo de sorte, está, muitas vezes, a fazer apostas com probabilidades quase equilibradas, esperando que elas acabem por bater num certo ponto do padrão da variância que pague a seu favor. Contudo, o casino tem sempre uma muito ligeira vantagem nestes jogos. É equivalente a apostar ‘coroa’ num lançamento ao ar de uma moeda que favorece, ligeiramente, ‘cara’.

A primeira regra do jogo de sorte e azar é que o casino ganhou sempre e os jogadores (coletivamente) perderam sempre. Os jogadores dependem da sorte e, desde que tenham a humildade de sair quando estão a ganhar, é possível que acabem por lucrar. A maioria das pessoas que jogam um jogo baseado na sorte acabarão, muito provavelmente, por perder no longo prazo.

O Primeiro Nível de Perda - Perder Aquilo que Pode Pagar

É, então, bem provável que no longo prazo, eu acabe por perder num jogo de sorte. Este é, contudo, apenas o primeiro nível de perda nestes jogos. De certa forma, aceitamos esta perda como algo certo e como algo que faz parte da diversão destes jogos. Sabemos que o casino tem uma vantagem e estamos a jogar com dinheiro que podemos perder. Por exemplo, levo €20 para um casino e jogo na roleta. Fico algumas horas a jogar um jogo que me diverte, a beber café gratuito e a ter uma noite agradável. Por vezes perco €20 e outras vezes vou para casa com muito mais. Será que isto é uma maior perda do que ir a um bar e gastar esse mesmo dinheiro sabendo que não há forma de sair de lá com mais dinheiro do que aquele com que entrei? A única coisa que posso ganhar dessa forma é uma ressaca.

O primeiro nível de perda no jogo de sorte e azar é perder uma quantidade de dinheiro que não nos importamos de perder e que nos podemos dar ao luxo de perder. Não é assim tão mau e se calhar até nem é bem uma perda de dinheiro.

A Influência do Casino

Casinos, especialmente em Las Vegas costumam usar uma variedade de truques, se é que lhes podemos chamar truques, que são projetados para facilitar o jogador a ter uma atitude confortável e sofisticada, seja qual for aquela que o encoraja a apostar mais. O casino estima o cliente da melhor forma possível e faz tudo o que pode para providenciar uma experiência luxuosa. E neste caso, não acontece apenas em Las Vegas, mas em todos os casinos.

Entrada com Classe – Muitos casinos têm uma carpete vermelha, uma receção elegante e ampla onde recebem os clientes de forma extremamente calorosa. Fazem-no sentir-se em casa, mas em simultâneo, fora da sua zona de conforto. 

Vouchers Grátis – Os novos membros têm direito a uma abundância de apostas e rodadas grátis. Fá-lo sentir bem ainda antes de começar, um excelente estado mental para perder mais dinheiro mais à frente. Membros existentes são, também, mimados com algumas borlas de vez em quando, especialmente se não visitarem o casino durante algum tempo.

Bebida e Comida – Muitos casinos oferecem bebidas gratuitamente, incluindo chá e café para o relaxar. Obviamente, a bebida favorita do casino também está incluída no menu: álcool. O álcool é muitas vezes grátis e, quando não é, é relativamente barato. Quanto mais as pessoas beberem, mais apostam, e se todos os clientes estiverem bêbados, o casino terá, com certeza, uma noite lucrativa. Já estive em torneios de poker onde o buffet oferecido aos jogadores custaria tanto como o rake que paguei para entrar. Mais tarde, senti que tinha poupado dinheiro suficiente para justificar ir apostar algum nas slot machines.

Sem Janelas ou Relógios – Uma que surpreende muita gente, mesmo aqueles que já estiveram vezes suficientes em casinos para reparar. Há muitos poucos casinos com janelas, luz natural ou relógios. Se o jogador fosse constantemente relembrado de que horas são, ou reparasse que já estava a amanhecer, é possível que parasse de jogar. Sem janelas ou relógios, o jogador tem a liberdade de esquecer as horas e jogar noite dentro.

Oxigénio – Os casinos bombeiam oxigénio para o ar de forma a mantê-lo fresco e manter o jogador acordado e alerta. Os estabelecimentos norturnos adicionam, literalmente, oxigénio para que os jogadores não se sintam cansados.

Sofisticação – Um bom casino é sofisticado. Fá-lo esquecer quanto dinheiro tem (ou não tem, caso seja esse o caso). Bom serviço constante, tetos altos, candeeiros, dinheiro a passar de mãos por pura diversão, a constante estimulação que nasce dos sons de jackpots, gemidos e gritos de êxtase. Todo o ambiente irradia sofisticação, riqueza e uma falta de preocupação em relação ao dinheiro. Quanto mais o casino o enfeitiçar, mais você poderá ficar tentado a agir de forma sofisticada, mesmo que não tenha meios para tal.

O casino, com todos os seus métodos que, confessemos, todos gostamos como parte da experiência, está a tentar fazer com que joguemos mais do que aquilo que inicialmente planeámos. Estão a tentar fazer com que fiquemos até mais tarde, para jogar mais e para nos sentirmos bem com isso. Se sucumbirmos ao desejo, arriscamos perder mais do que aquilo que podemos perder e é aí que perder se torna mais sério.

A Armadilha Online

Os casinos online não têm o mesmo arsenal de armas que um casino físico tem. Um website não consegue atingir o mesmo nível de sofisticação e não consegue proporcionar ao jogador uma excelente noite fora de casa. Ainda assim, tentam-nos com bónus, tentam ter uma imagem organizada e limpa e mantêm-nos obcecados com jogos viciantes. Mas aquilo que oferecem e que um casino físico não, é uma perigosa conveniência. 

A roleta online, por exemplo, dá-nos um acesso muito mais fácil a um jogo de sorte e azar. Muitos de nós não visitaríamos o casino todas as noites e as nossas perdas tornar-se-iam óbvias se o fizéssemos. Nos casinos online é diferente. Torna-se fácil visitar o casino todas as noites sem sequer pensar nisso. Não é preciso utilizar um carro, nem sequer sair de casa. São apenas precisos 10 minutinhos no computador. Hoje em dia, é extremamente fácil apostar online e tal não se deve tornar num vício. O jogo em telemóveis eleva esta questão a outro nível e as aplicações online podem criar um género de “armadilha” que torna o impulso de jogar muito mais difícil de controlar.

O Segundo Nível de Perda - Perder Mais do que Aquilo que Queremos

O segundo nível de perda é perder uma quantidade de dinheiro que não nos podemos dar ao luxo de perder e que nos fará sentir infelizes quando acordamos de manhã ou, ainda pior, causará problemas muito sérios. Este nível de perda não tem nada a ver com variância estatística (que aceitamos quando jogamos um jogo que apresenta probabilidades desfavoráveis) e tem tudo a ver com a emoção humana, a crença humana e o vício humano, o não saber quando parar de jogar. São as nossas emoções e vícios que nos tentam a apostar mais do que aquilo com que estamos confortáveis e é esta a verdadeira perda que podemos experenciar se jogarmos de forma irresponsável. 

O segundo nível de perda é negativo, destrutivo e nasce de uma de várias falhas possíveis no pensamento ou na ação. Seguem alguns exemplos de como as emoções e o ego podem afetar a nossa habilidade de apostar dentro dos nossos limites, de parar quando devemos e de controlar a nossa ganância. É importante evitar os traços e padrões que nos levam às consequências negativas do jogo.

Acreditar em Combinações Que Dão Sorte – Um tipo de pensamento errado que pode causar perdas enormes é a crença em alguns destinos que são irrelevantes para a forma como o jogo funciona na verdade. Ter uma mão favorita no poker, por exemplo ou um número que lhe deu algum dinheiro a ganhar no passado e que agora você acredita que ganhará “sempre”. Ou se calhar esteve a observar a Roleta girar e agora acha que está quase a sair o número que você pretende. Todos estes são pensamentos errados e não relacionados com o jogo.

Achar Que Um Jogo Imbatível é Vencível – Este equívoco é comum entre todos os jogadores de todos os tipos de jogos de casino. Muitas pessoas usam cartões de pontuação na roleta para apontar informações que são essencialmente irrelevantes para o resultado seguinte. Cada resultado é independente; não existe um padrão. Isso pode levar a apostas que são feitas com a premissa de que algo está prestes a acontecer. Nada está destinado a acontecer num jogo de sorte e azar.

Dar nas Vistas – O nosso ego dá-nos uma tendência para nos exibirmos, especialmente em torno de pessoas que nos atraem, seja um dealer, uma empregada de balcão ou mesmo alguém que levámos connosco. Também nos podemos exibir para os nossos amigos ou espectadores inocentes. Esta tendência pode nos fazer esbanjar dinheiro que, na verdade, não temos ou que não podemos perder. O nosso ego e imagem custam-nos caro neste caso.

Intoxicação – Não estou aqui para lhe dar uma palestra sobre os perigos do álcool e drogas, mas o seu consumo misturado com jogo não costuma dar bom resultado. O limite de apostas que impôs a si mesmo pode facilmente desaparecer quando já bebeu demais. Os casinos sabem-no e é por isso que muitos deles oferecem bebidas grátis! É da sua responsabilidade manter-se num estado que lhe permita controlar os seus impulsos.

Ganância/Falta de Disciplina – Os casinos fazem dinheiro pela ganância. A única forma de desfrutar do jogo é sendo capaz de superar a ganância o suficiente para apostar apenas aquilo que pode perder. Quando somos gananciosos perdemos a noção do nosso objetivo inicial (prazer) e ficamos cegos pelo dinheiro. Começamos a pensar “e se...”, e os símbolos de Euro começam a pairar à nossa frente. Muitas vezes, a verdadeira perda nasce da nossa incapacidade de manter a perspetiva. Queremos ganhar em grande e acabamos por apostar aquilo que não devemos.

Incapacidade de Parar e Sair – Considerando que o facto de acabarmos por perder caso continuemos a jogar faz parte das probabilidades do jogo, porque é que é assim tão difícil parar de jogar quando ganhamos? Por vezes temos lucro durante a noite e devíamos simplesmente ficar contentes por acordar na manhã seguinte com a quantidade de dinheiro que temos no bolso. Ainda assim, a tentação faz-nos continuar. Infelizmente, a ganância pode tornar-se ainda mais preponderante quando estamos a ganhar. Muitos jogadores perdem porque nem sempre dão a si mesmos uma oportunidade de ganhar; mesmo quando já ganharam uma quantidade significativa de dinheiro, acabam por continuar e perder tudo de novo.

Terceiro Nível de Perda

Acredito que jogos de pura sorte se prestam a padrões de pensamento e comportamento negativos porque envolvem o falso conceito de “conseguir algo por nada”. Essa mentalidade, quando aplicada à vida, não o levará muito longe. No entanto, o jogo tem uma ideia enraizada em si de que algo pode ser ganho sem esforço. Um simples palpite de sorte e um lançamento de dados. Isso pode levar à ganância muito rapidamente.

O terceiro nível de perda é o mais sério de todos. É um extremo do segundo nível e representa uma falta de controlo ao longo de um extenso período de tempo. Trata-se de uma séria perda porque pode afetar negativamente as nossas amizades, família, emprego e vida no geral. Quando o jogo se sobrepõe a tudo isso e a perda financeira se torna parte da nossa vida no dia-a-dia, perdeu-se algo muito mais profundo. A própria vida tornou-se secundária face à ganância e jogar já nem sequer dá prazer. Refiro-me, obviamente, ao vício no jogo – “Como perdi a minha mulher, filhos e €750.000”. Quando o vício no jogo e a sorte ganham vantagem, tudo é possível.

Jogos de Habilidade

O motivo pelo qual alguns jogadores podem perder a jogar um jogo de habilidade tem algumas diferenças e algumas similaridades com um jogo de pura sorte. Jogos como o poker são um misto de probabilidades, variância e um fator de habilidade controlável que permite ao jogador bater o jogo. Isto é apenas possível se o jogador for suficientemente bom para ganhar uma vantagem sobre outros jogadores e para bater o rake que o casino recebe por albergar o jogo.

As regras da variância ainda se aplicam a jogos de habilidade. Há, ainda, um padrão imprevisível de resultados que, ao fim de milhões de amostras, acaba por bater certo com as suas probabilidades. Contudo, assumindo que você é um bom jogador, é possível fazer apostas em oportunidades que estão, ligeiramente, a seu favor. É isso que acontece quando coloca uma mão mais forte do que outra frente a frente. Estatisticamente, a mão mais forte tem mais probabilidade de ganhar, apesar da variância permitir que a mão mais fraca acabe por se sobrepor. Ao longo do tempo, se jogar melhor que os seus adversários consistentemente, a variância começa a equilibrar-se e as apostas +EV que tem feito começam a resultar em lucro.

Isto apenas acontece quando você tem uma vantagem sobre os seus adversários e os força a cometer erros matemáticos, enquanto minimiza os seus próprios erros. No poker, tal como noutros jogos que combinam a sorte com habilidade, o seu valor esperado é igual à soma dos erros dos seus oponentes menos a soma dos seus próprios erros. Contudo, a variância no longo prazo, tal como mencionado anteriormente, é um caminho cheio de altos e baixos. Até um jogador extremamente bom pode sofrer downswings enormes e perder dinheiro consistentemente durante um longo período de tempo.

Como Perder num Jogo de Habilidade

Se conseguirmos tornar-nos bons o suficiente para bater jogos que são jogados contra outras pessoas, então é possível equilibrar a variância o suficiente para ter um lucro sustentável num jogo que envolve habilidade. Então porque é que há tantas pessoas que, ainda assim, perdem ao jogar um jogo deste género?

Não compreender o jogo – Existem muitas camadas diferentes de entendimento num jogo como o poker, mas o mais básico é conhecer as regras e os pontos fortes das mãos. Sem os conhecer, é impossível competir com outros jogadores. Contra oponentes médios, você precisará de um bom conhecimento matemático da maioria das situações comuns encontradas. Contra especialistas, você precisará do mesmo, além de compreensão de situações complexas, controlo emocional e uma vantagem psicológica. A maioria dos jogadores perde um jogo de habilidade porque não é bom o suficiente para vencer no longo prazo. Ou seja, na verdade, não têm vantagem.

Jogar contra adversários mais fortes – Para ganhar no longo prazo, num jogo que tem como base uma parte de sorte e uma parte de habilidade, é necessário sermos melhores que os nossos adversários. Um erro que muitos cometem está relacionado com o ego... querer derrotar pessoas que são melhores que eles, que estudaram o jogo e que jogaram mais. É muito mais inteligente e muito melhor para a sua carteira, jogar contra jogadores mais fracos. Não há vergonha nisso.

Emoções – Muito daquilo que foi mencionado sobre perder num jogo de sorte também se aplica a um jogo que envolva habilidade. O ego pode tomar o controlo, vinganças podem ser formadas, raiva e tensão podem surgir. Tudo isto tolda o nosso julgamento na hora de tomar decisões importantes e pode fazer com que os jogadores ajam de forma que nem sequer sonhavam agir num estado emocional normal e lógico. As nossas emoções entram em conflito com a lógica do jogo, e num jogo de lógica, isso apenas resulta em perdas! O dinheiro também desencadeia emoções e onde quer que haja grandes quantidades de dinheiro, é garantido que as emoções estarão ao rubro.

A variância esmaga-nos – No decorrer de uma downswing, é muito mais difícil manter o controlo emocional necessário para continuar a tomar as decisões corretas; aquelas que fizeram de nós um jogador lucrativo. Uma downswing pode ser muito cansativa e pode durar meses ou até anos, mesmo quando colocamos um grande nível de volume. Muitos jogadores passam por uma grande série de derrotas seguidas e desistem do jogo zangados. Pelo menos, fazê-lo é mais sensato do que continuar a jogar sem qualquer controlo emocional.

Ganância – A emoção mais destrutiva e aquela que nos faz perder mais. Podemos ficar gananciosos num jogo de poker e desejar as fichas dos nossos adversários mais rapidamente do que devemos. Quando a ganância e o ego tomam as rédeas, a força das mãos deixa de ser importante e é substituída por bluffs sem qualquer sentido, perder é garantido.

Jogar pode ser extremamente divertido, especialmente quando ganhamos. O primeiro nível de perda pode, também, ser divertido e custa tanto quanto irmos sair para um bar ou discoteca. Os segundo e terceiro níveis de perda no jogo são destrutíveis, prejudiciais e devem ser evitados a todo o custo. Uma pequena perda pode fazer parte da diversão se for sempre dentro dos nossos limites. Mas quando perder se torna mais sério, chega a altura de pensar em abrandar, de forma a que não se torne em algo que acaba por sair do casino e intrometer na nossa vida.