Aviso: O conteúdo aqui apresentado tem uma finalidade exclusivamente informativa sobre um tipo específico de jogo e como jogá-lo. O objetivo deste conteúdo não é nem promover nem disponibilizar um tipo de jogo, mas simplesmente informar o jogador acerca de como jogá-lo.


De um leitor: Sabe sobre o que eu nunca ouço falar em quase todos os artigos sobre jogos de sorte e azar que leio? Batota. Estava a jogar blackjack num casino, um dos grandes em Las Vegas e um sujeito estava a aumentar e diminuir a sua aposta e um homem de fato apareceu e disse-lhe para apostar sempre o mesmo montante (flat bet) ou seria convidado a sair. Qual a explicação para isso? Eu altero, ocasionalmente, a quantidade de dinheiro que aposto e nunca ninguém me disse nada.

Mais tarde, o dealer acabou por interceder e dizer que o jogador estava, provavelmente, a contar cartas e isso era considerado batota. Então, é batota ou não? Porque é que não o prenderam? Isso significa que podemos enganar o casino e sair impunes?

Frank: Antes de mais, o jogador não estava a fazer batota. Contar cartas não é batota. Estamos a usar o cérebro para determinar que cartas já saíram e basear as nossas apostas e decisões em que cartas ainda estão no baralho.

Um bom contador de cartas sabe se as restantes cartas a ser jogadas favorecem o jogador ou a casa. Isso muda o jogo a favor do jogador ou mantém o jogo a favor do casino. Os outros jogadores não estão muito cientes do que foi, ou não, jogado.

Até pode parecer fácil, mas é uma habilidade muito difícil de aprender. Ainda assim, uma pequena percentagem de uma muito pequena percentagem de jogadores aprende a fazê-lo. Estes jogadores são símbolos do trabalho árduo e disciplina.

[Repare: Caso use um jogo de um único baralho como exemplo, os quatro Ases existentes no baralho são distribuídos na primeira ronda. Portanto, já sabe que não haverá Ases na segunda ronda. Esse é um exemplo simples de contagem de cartas. Você sabe o que as restantes cartas têm e o que não têm.]

Usar o cérebro num casino não é ilegal. E duvido que alguma vez venha a ser.

[Repare: Não usar o cérebro num casino pode ser encorajado. Porque não? Jogar mal dá muito mais dinheiro ao casino do que jogar bem.]

Regras do Casino

Então, o casino pode dizer aos jogadores quanto devem apostar? Sim, pode. O casino tem o direito de ditar aquilo que um jogador pode apostar e quantas mãos pode jogar de cada vez. Até pode haver uma mesa onde os jogadores têm apostas mínimas e máximas diferentes. Tal não é comum, especialmente em casinos que trabalham com os apostadores comuns em mente. Mas talvez encontre estes limites em jogos high-roller.

O casino talvez defina os limites de apostas de €10 a €500 e qualquer pessoa pode apostar o mínimo ou o máximo ou qualquer valor intermédio. Quase todos nós vimos este tipo de restrição.

Caso aposte $5, o floor talvez lhe diga que apenas pode apostar, pelo menos, $10. Não fez nada ilegal, mas não está a jogar o jogo da forma que eles querem que você jogue. Tem de apostar os $10. Tão simples quanto isso.

E o mesmo aplica-se à contagem de cartas. Os casinos não gostam disso. Aliás, eles odeiam-no. Porquê? Fácil. Alguns jogadores são bons o suficiente a fazê-lo, ao ponto de ganhar uma pequena vantagem sobre o casino.

Ganhar vantagem sobre o casino é a última coisa que o casino quer. Lembre-se, um casino está aberto e a trabalhar, em primeiro lugar, para fazer dinheiro. Os jogadores estão lá para se divertirem e, quem sabe, terem sorte de vez em quando. Os jogadores não estão lá para fazer daquilo vida.

O casino tem várias opções para fazer um jogador parar de contar cartas. Pode dizer ao jogador para apostar sempre a mesma quantia, que lhe retira a capacidade de alterar o montante da sua aposta. Um contador de cartas aposta mais quando o jogo o favorece e menos quando o jogo favorece a casa.
 

dealer baralho cartas


O casino pode dizer ao jogador para parar de jogar blackjack e jogar slots ou outros jogos. 

Agora, o staff do casino pode ser agradável: “Peço desculpa, você é bom demais a jogar blackjack para o nosso gosto, por isso não pode jogar mais. Mas pode jogar qualquer outro jogo no casino.”

Ou pode ser desagradável: “Você está proibido de jogar neste casino. Caso volte a entrar, será preso por invasão de propriedade. Nem sequer queremos que coma nos nossos restaurantes. Saia e não volte mais!”

A maioria dos estados nos EUA permite que os casinos giram a situação da forma que pretenderem, entre estes dois extremos. Há um estado, New Jersey, que não permite que o casino expulse ou bana alguém que conte cartas (ou ganhe vantagem de alguma forma sem chegar a fazer batota).

Mas não festeje.

Os casinos de New Jersey podem limitar o montante que cada jogador aposta (“Peço desculpa, mas não pode apostar mais do que $100”). Ou limitam o número de mãos que o jogador ou jogadora pode jogar. (“Minha senhora, pode apenas jogar uma mão, não duas ou mais”).

Todos os casinos, e praticamente todos os negócios, podem banir clientes que perturbam o seu normal funcionamento. Isso é óbvio. Eu até já ouvi falar de buffets livres onde aquilo que cada um pode realmente comer é limitado. “Desculpe, mas apenas pode comer cinco refeições. Depois terá de sair!”

Então, deve aprender a contar cartas? A escolha é sua. A maioria dos jogadores que o tentaram fazer acabaram por perceber que é difícil, ou quase impossível, de o fazer. Ainda assim, pode ser feito por alguns.

O Que É Batota?

Diria que há uma série de respostas para o que realmente é batota num jogo de casino. Se um contador de cartas estivesse numa mesa e alguém apostasse imitando-o, seria considerado batota?

Não, não seria. Há muitos jogadores que imitam as apostas de outros jogadores. E há até quem aposte o oposto dos outros.

Uma vez, uma senhora (pequena, tensa, ossuda, de lábios molhados e zangada) estava a apostar contra mim num jogo tradicional de baccarat e quando eu ganhava uma aposta, ela perdia. Algumas dessas e ela teve um ataque. Aqueles que a acompanhavam tiveram de a tirar da mesa e levá-la embora.

Assim, apostar com ou contra um jogador não é sinal de batota. Aquela mulher maluca que apostou o oposto de mim não estava a fazer batota e espero que o psiquiatra lhe tenha dito que eu não tenho nada a ver com ela ganhar ou perder uma aposta.

Alterar a Natureza do Jogo

Suponho que mudar a natureza do jogo de alguma forma artificial seria uma indicação de que um jogador estaria a fazer batota.

Contagem de cartas, tal como mencionado, não é batota, mas e se um jogador adicionasse algumas cartas ao jogo para fazer blackjack? Certamente, isso seria batota. E isso talvez termine com uma detenção caso o jogador seja apanhado.

E se o dealer pagasse mãos perdedoras como se fossem vitoriosas a jogadores que estivessem combinados com ele? Seria batota? Claro. O dealer pode ser preso. Já vi vídeos sobre dealers a fazer batota e eles eram excecionalmente bons a fazê-lo. Mas imagens em câmara lenta revelaram tudo. E foram para a prisão.

E se um jogador tirasse algumas fichas ao dealer quando o encontrasse distraído? Batota. Chame a segurança e depois a polícia.

E se um jogador ficasse ao lado de outro jogador numa mesa de Banca Francesa e, astutamente, pegasse em algumas fichas desse jogador? Daquele jogador que tem bebido sem parar? Zau, saca-lhe algumas fichas! Roubo, pura e simplesmente. 

E se um jogador de craps receber os dados para os atirar e os lançar de uma certa forma que garanta que saia aquilo que ele pretende? Batota? Este caso é um pouco problemático. Alguns casinos podem dizer que isso é batota, mas acho que teriam de o fazer na primeira tentativa.

Daquilo que já vi, isto é normalmente ignorado, pois todas as pessoas estão a tentar bater o casino ao atirar os dados de determinada forma. Tal não seria batota, embora alguns casinos possam assediar o atirador. Seria um tanto ou quanto raro, mas poderia acontecer.

E se um atirador de dados os lançasse como se fossem OVNIs a perseguir aviões militares acima do oceano? O lançador seria chamado à atenção e dir-lhe-iam para ter mais calma e manter os dados no centro da mesa. Não é batota. (Mas os casinos têm o direito a tirar os dados de atiradores como este. Já vi isso acontecer mais do que uma vez quando jogadores alcoolizados atiram os dados para fora da mesa mais do que uma vez.)

Digamos que num jogo de Poker Pai Gow, um jogador encontrou uma forma de adulterar o baralhador automático com a finalidade de receber sempre uma melhor mão que o dealer, ganhando assim a mão de cinco cartas e a mão de duas cartas (há duas mãos por jogador no Poker Pai Gow). O jogador pode fazê-lo consistentemente porque sabe aquilo que está prestes a acontecer por ter adulterado a máquina. Suponho que passaria a ser conhecido pelo "Joker Pai-Gow” na prisão, já que era lá que um jogador como esses acabaria.

A roleta tem muitos casos em que os jogadores devastaram os casinos com vitórias monumentais e isso também remonta a alguns séculos atrás. Essas vitórias nasceram da batota na roleta? De modo algum.

Aquelas de que tenho conhecimento nada tiveram a ver com batota. Muitos desses casos estavam relacionados com a descoberta de rodas de roleta que eram tendenciosas, o que significa que certos números surgiam mais vezes do que o provável. Um jogador inteligente estaria atento às rodas e “nos velhos tempos” era mesmo possível encontrar rodas de roleta tendenciosas. Esses jogadores apostariam, depois, nos números com maior tendência para bater.
 

roda roleta


Há mais de 30 anos atrás, a minha esposa e eu encontrámos uma roda de roleta tendenciosa em Las Vegas – algo que aconteceu por pura sorte, pois não estávamos interessados em jogar roleta naquele dia e naquele casino em específico.

Sim, aquela roleta apareceu-nos à frente e jogámos nela com tudo aquilo que valia a pena até que, por fim, um dos chefes chegou, fechou a roda e convidou todos os jogadores para jogar numa mesa diferente.

Todos? Não éramos muitos. Estavam apenas 4 jogadores na mesa, incluindo nós. A minha esposa e eu limitámo-nos a jogar nos três números que saíam muitas vezes (muitas, muitas vezes), mas os outros jogadores não os jogavam de todo! Eles faziam as apostas que normalmente faziam sempre que jogavam roleta. Eles perderam dinheiro na mesma altura em que nós estávamos a destruir a casa. 

Obviamente, nem sequer jogámos noutra mesa de roleta. A sério, as rodas de hoje raramente são tendenciosas (se é que as há, sequer). Aposto que se perdêssemos horas infindáveis à procura de rodas assim, não encontraríamos nem uma. Lembre-se que a nossa sorte foi há mais de 30 anos.

Há outros três métodos usados para tentar bater a casa na roleta. Uma é denominada por “assinatura do dealer”, que pode ser um ato consciente por parte do dealer para controlar os números em que a bola cai. A outra é a versão inconsciente disso. Duvido que algum dealer possa fazê-lo conscientemente nas rodas de hoje. Eu nunca vi tal acontecer, seja consciente ou inconscientemente.

Por fim, existe algo chamado “rastreamento visual da roda” na roleta. Um jogador observa a bola girar ao redor da roda, escorregar para o lado e depois de saltar entre casas acabar por parar num número previsto. A ideia seria apostar no número onde acha que a bola vai cair e em alguns dos números circundantes.

Um dia tentaram-me ensinar este método. Eu acho que é impossível aprendê-lo. Porquê? Porque me deixou tonto e enjoado. Quase que devolvi o meu jantar gourmet em cima do layout da roleta na segunda vez que tentei seguir a roda visualmente.

Funciona? Não faço ideia. Mas se funcionar, não seria batota porque o jogador não mudou a natureza do jogo. 

Tudo de bom, dentro e fora dos casinos.

Frank Scoblete cresceu em Bay Ridge, em Brooklyn. Ele passou os anos 60 a estudar; os anos 70 em edição, escrita e publicação; os anos 80 no teatro e os anos 90 e 2000 nos jogos de casino.
Pelo caminho, ainda ensinou inglês durante 33 anos. Ele é autor de 35 livros; A sua editora mais recente é a Triumph Books, uma divisão da Random House. Ele mora em Long Island. Frank escreveu o Ultimate Roulette Strategy Guide e trata-se dum conhecido especialista em casinos.